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De frente com o inimigo |
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Saiba
como prevenir, identificar e lidar com a possessão demoníaca Um pastor tem muitas alegrias em seu ministério, tais
como ver pessoas se convertendo e sendo santificadas na verdade mediante sua
influência e liderança e receber o carinho e o reconhecimento de seu rebanho.
Mas algumas vezes se depara com situações que podem ser bastante desgastantes
e encher seu coração de pesar. Isso ocorre quando precisa comandar a
aplicação da disciplina eclesiástica a um membro faltoso; quando é necessário
realizar uma cerimônia fúnebre, especialmente se a pessoa era muito amiga e a
morte chegou de modo inesperado; e quando deve prestar ajuda a uma pessoa
possessa por espíritos maus. Possessão demoníaca x doença mental Há indivíduos que não crêem que exista tal coisa como
um ser humano ser totalmente controlado por agentes satânicos, e que, tais
casos deveriam ser classificados como doenças mentais. Se bem que seja
verdade que há certas enfermidades com sintomas um tanto semelhantes àqueles
apresentados pelos que estão possessos, como a histeria e a epilepsia, não é
possível explicar pela medicina ou pela ciência algumas demonstrações, tais
como: extraordinária força física e o conhecimento, por vezes minucioso, de
fatos secretos. Perfil do possesso Satanás não pode se apossar de qualquer pessoa que ele
queira. Se isso fosse possível nosso mundo teria se tornado, há muito tempo,
num gigantesco manicômio. Para que aconteça a possessão é necessário que o
indivíduo se entregue a ele, o que comumente é feito pouco a pouco, quando
segue suas sugestões para praticar o mal. Assim, um filho de Deus jamais
poderá ficar possesso, porque sua vontade foi e permanece rendida a Cristo.
“O tentador jamais nos poderá compelir a praticar o mal. Não pode dominar as
mentes, a menos que se submetam a seu controle. A vontade tem que consentir,
a fé largar sua segurança em Cristo, antes que Satanás possa exercer domínio
sobre nós. Mas todo desejo pecaminoso que nutrimos lhe proporciona um palmo
de terreno. Todo ponto em que deixamos de satisfazer à norma divina, é uma
porta aberta pela qual pode entrar para nos tentar e destruir.”1 Não poucos, neste século e nação professamente cristãos, recorrem aos maus espíritos, em vez de confiarem no poder do Deus vivo. Velando ao pé do leito de enfermidade de seu filho a mãe exclama: ‘Não posso fazer nada mais. Não haverá médico que possa restaurar meu filho?’ Contam-lhe as maravilhosas curas realizadas por algum vidente ou operador de curas pelo magnetismo, e ela confia seu querido aos cuidados dele, colocando-o tão certamente nas mãos de Satanás como se ele lhe estivesse ao lado. Em muitos casos, a vida futura da criança é regida por uma força satânica, que parece impossível quebrar3. Nesses casos de crianças endemoninhadas precisamos trabalhar também com os pais de modo que a causa do mal seja removida pelo poder de Deus. Autoridade para expulsar demônios Uma pessoa pode ser possuída por um ou mais demônios. O
menino possesso, curado por Jesus, fora controlado por um demônio (Mc 9:25 –
26), Maria Madalena fora possuída por sete (Mc. 16:9), enquanto que outro, o
geraseno, fora dominado por uma legião (Lc. 8:30). Além disso, as hostes
espirituais do mal estão distribuídas em várias ordens (Ef 6:12; Cl 2:15), de
maneira que alguns demônios são mais poderosos do que outros e, por isso, parecem
ter maior capacidade de resistência para abandonar sua vítima. Como expulsar os demônios? É importante sabermos que há graus de possessão. Há pessoas que são mais dominadas do que outras, há pessoas nas quais a manifestação é mais freqüente. Temos observado que alguns têm crises uma vez por semana, outros diariamente, e outros, ainda, várias vezes por dia. Contudo, em nenhum caso o indivíduo fica possesso o tempo todo. Todos os endemoninhados passam por períodos em que há maior lucidez. Comentando o caso de um endemoninhado que apareceu num sábado na sinagoga onde Jesus estava, Ellen G. White declara que “em presença do Salvador, um raio de luz lhe penetrara as trevas. Foi despertado, e ansiou a libertação do domínio do maligno; mas o demônio resistia ao poder de Cristo. Quando o homem tentou apelar para Cristo em busca de auxílio, o espírito mau pôs-lhe nos lábios as palavras, e ele gritou em angústia de temor. O possesso compreendia em parte achar-se em presença de alguém que o podia libertar; mas, ao tentar chegar ao alcance daquela poderosa mão, outra vontade o segurou; outras palavras encontraram expressão por meio dele. Terrível era o conflito entre o poder de satanás e seu próprio desejo de libertação6.” Também discorrendo sobre o episódio que resultou na libertação dos endemoninhados gadarenos, um dos quais era dominado por uma legião de anjos maus, ela assevera que Cristo ordenou com autoridade aos espíritos imundos que saíssem deles. Suas palavras penetraram no espírito entenebrecido dos desventurados. Percebiam, fracamente, estar ali Alguém capaz de salvá-los dos demônios atormentadores. Caíram aos pés do Salvador para O adorar; mas, ao abrirem-se-lhes os lábios para suplicar-Lhe a misericórdia, os demônios falaram por eles. Gritando fortemente: "Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-Te que não me atormentes"7. Portanto, mesmo o mais possesso dos homens ainda pode
perceber quando alguém se dispõe a ajudá-lo e pode desejar ser liberto. As palavras de Cristo com respeito a Sua morte, haviam produzido tristeza e dúvida. E a escolha dos três discípulos para acompanharem Jesus ao monte excitara os ciúmes dos nove. Em vez de robustecer a fé pela oração e meditação das palavras de Cristo, demoraram-se em seus desânimos e agravos pessoais. Foi nesse estado de sombras que empreenderam o conflito com Satanás8.” “Sua incredulidade, que lhes vedava ter mais profunda simpatia para com Cristo, e a desatenção com que olhavam a sagrada obra a eles confiada, tinham causado o fracasso no conflito com os poderes das trevas9. Assim, no momento em que os nove foram procurados pelo
aflito pai, os discípulos estavam envoltos em trevas, apartados da comunhão
com Deus e, por isso haviam fracassado. A oração, num espírito humilde e submisso
dar-lhes-ia a vitória. Satanás não suporta que se apele para seu poderoso rival, pois teme e treme diante de sua força e majestade. Ao som da fervorosa oração todo o exército de Satanás treme. Ele continua a chamar legiões de anjos maus para conseguir seu fim. E quando os anjos todo-poderosos, revestidos com a armadura celeste, chegam em auxílio da fraca e perseguida alma, o inimigo e seus anjos recuam, sabendo muito bem que sua batalha está perdida11. Temos visto os demônios fugirem quando Jesus é exaltado, seja na oração, seja na leitura da Bíblia, seja no cantar de um hino. Contudo, de acordo com os exemplos bíblicos deve-se repreender os demônios e, em nome de Jesus, ordenar que eles saiam (Lc 4:33 – 36; 8:27 – 29; 9:42; Mc 16:17; At 16:16 – 18). Em alguns casos a pessoa fica liberta instantaneamente, enquanto que, em outros, os demônios relutam em se afastar. Mesmo quando Jesus ordenava que saíssem havia demônios que demoravam-se tentando argumentar e resistir e exibir sua força (Mc 5:6 – 13; 9:25 – 26). Havendo resistência, deve-se perseverar na luta contra as forças do mal até que o último demônio, por mais poderoso que seja, se dê por vencido, o que pode levar algumas horas. Não esqueça que, embora possam resistir por algum tempo, eles sempre acabam saindo. Quando o demônio vai à igreja A maior parte das vezes em que um pastor se depara com
um endemoninhado parece ser nas reuniões da igreja. Mesmo que o possesso vá à
reunião com o sincero desejo de buscar ajuda, as intenções de Satanás, ao
permiti-lo ir, são outras. Em Lc 4:31-36 encontra-se o relato de que Cristo estava
numa sinagoga, num sábado, ensinando Sua doutrina, e que ali estava também um
homem possesso o qual começou a bradar em alta voz. Então, “a atenção do povo
se desviou de Cristo, e Suas palavras não foram escutadas. Tal era o desígnio
de Satanás em levar a vítima à sinagoga12.” Cuidados especiais Assim como há espíritos mudos, há os que são muito
falantes. Ninguém deve, movido pela curiosidade, fazer perguntas a Satanás e
nem dar crédito às suas palavras. Não esqueçamos que elas sempre têm o
intuito de confundir, desviar, enfim, levar-nos à perdição. Para tanto ele
pode misturar informações verdadeiras com falsas. Algumas vezes o demônio
dirige-se a alguém e diz: “você é meu, porque faz isto ou aquilo”. Muito
cuidado! Pode ser verdade que o tal comportamento seja errado, pode não ser.
Se não for, alguns serão enganados e passarão a pensar que é e discutirão com
seus irmãos sobre isso, o que resultará em confusão na igreja. Se, todavia, o
que ele disser for correto, poderá haver outro problema. Alguns passarão a
evitar o tal procedimento, mas o motivo será porque o Diabo disse e não
porque Deus, ou Sua palavra ou Seu servo afirmaram. Somos inclinados a
questionar tal tipo de “obediência”. Há cristãos que falam demais sobre o poder de Satanás. Pensam em seu adversário, oram a seu respeito, falam nele, e ele avulta mais e mais em sua imaginação. É certo que Satanás é um ser poderoso; mas, graças a Deus, temos um forte Salvador, que expulsou do Céu o maligno. Satanás regozija-se quando lhe engrandecemos a força. Por que não falar em Jesus? Por que não exaltar Seu poder e Seu amor15? Mesmo quando Lúcifer se encontrava em seu estado de pureza junto ao trono do Altíssimo havia um abismo de diferença entre ele e o Filho de Deus. Um era criatura e o outro era Criador. Não há como compará-los em tempo de existência, em sabedoria, em poder. Cristo é infinitamente mais poderoso do que todos os demônios juntos. É compensador estar ao Seu lado. Lembremos sempre disso. O que fazer depois da libertação? Cristo ensinou que um indivíduo liberto pode voltar a ficar possesso. Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos procurando repouso, porém não encontra. Por isso, diz: Voltarei para minha casa donde saí. E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada. Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro (Mt. 12:43-45). Tal situação não depende do servo de Deus a quem Ele
usou no processo de libertação, mas das escolhas do próprio indivíduo
liberto. A garantia para que isso não volte a ocorrer é não deixar a casa
vazia, é convidar a Cristo para nela habitar, é efetuar a completa entrega da
vida ao domínio de Cristo. Quando a alma se rende inteiramente a Cristo, novo poder toma posse do coração. (...) A alma que se rende a Cristo, torna-se Sua fortaleza, mantida por Ele num revoltoso mundo, e é seu desígnio que nenhuma autoridade seja aí reconhecida senão a Sua. Uma alma assim guardada pelos seres celestes, é inexpugnável aos assaltos de Satanás.16 Maior atividade das forças do mal Por meio dos escritos de Ellen White somos advertidos de que no grande e prolongado conflito entre o bem e o mal destacam-se dois períodos em que as forças do mal estão em maior atividade: os dias do ministério de Cristo e os dias finais da história humana. O período do ministério pessoal de Cristo entre os homens foi o tempo de maior atividade das forças do reino das trevas. Durante séculos Satanás e seus anjos haviam estado procurando controlar o corpo e a alma dos homens, para trazer sobre eles pecados e sofrimento; depois acusara a Deus de toda essa miséria. Jesus estava revelando aos homens o caráter de Deus. Estava a despedaçar o poder de Satanás, libertando-lhe os cativos. Nova vida e amor do Céu moviam o coração dos homens, e o príncipe do mal despertou para contender pela supremacia do seu reino. Satanás convocou todas as suas forças, e a cada passo combatia a obra de Cristo. (...) Assim será na grande batalha final do conflito entre a justiça e o pecado. Ao passo que nova vida e luz e poder descem do alto sobre os discípulos de Cristo, uma vida nova está brotando de baixo, e revigorando os instrumentos de Satanás17. Por isso, enquanto nos aproximamos do fim, podemos esperar maiores e mais freqüentes demonstrações de possessão demoníaca, sabendo, contudo, que nossa vitória é certa pois, “o Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (Sl 46:11). Referências 1
O Desejado de todas as nações, 67. |
Publicado originalmente em http://www.unasp.edu.br/kerygma/